Guias e Entidades nas Sete Linhas

    A entidade assume uma personalidade, uma missão e características muitos específicas para trabalhar em terra. Cada entidade ou guia, exerce um papel sob influência das sete linhas.

I – Caboclos e Pretos Velhos

    Os caboclos são, ao lado dos pretos velhos, as entidades mais respeitadas e mais evoluídas da Umbanda, sem contar também que são as duas raízes primordiais da religião: a indígena e a negra. Ao lado deles, em termos de evolução, também ficam os ciganos da linha do Oriente.

    No que concerne aos pretos velhos são espíritos de velhos africanos ou afro-brasileiros que viveram nas senzalas e na África. Aqueles que estiveram no Brasil, majoritariamente, foram escravos que morreram no tronco ou de velhice. Aqueles que viveram na África ou mesmo em outros lugares eram feiticeiros, escravos e curandeiros.

    Eles respondem, em sua grande maioria na linhas dos ancestrais, na face de Yorimá – ou como muitos chamam, a linha das almas. Aqueles, tais quais os caboclos e pretos velhos, evoluíram e estão em suas últimas instâncias evolutivas, acabam respondendo diretamente à linha de Oxalá, preparando-se para dar os próximos passos no astral.

    Por estarem em um alto grau de evolução, podem vir em praticamente qualquer uma das sete linhas, e em geral são os responsáveis pela cabeça de seus filhos. Raríssimos são os casos em que outra entidade o é, havendo um preto velho ou um caboclo dentre as entidades daquela pessoa.

    Há algumas características a observar que tornam mais fácil a identificação da linha do caboclo ou preto velho. Como exemplo, podemos notar que, após o seu nome, em geral, essas entidades se identificam por suas origens: entre os caboclos, os que são caboclos da mata viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com ela; já os chamados caboclos da mata virgem viveram mais isolados, com maior e mais profundo contato com a natureza; já entre os pretos velos, podem se identificar como do Congo, que geralmente respondem aos orixás Xangô e Iansã; de Angola, que respondem a Ogum; das matas, que respondem a Oxóssi; da Calunga, que respondem a Iemanjá, do cemitérios ou das almas, que respondem a Nanã ou Omolu; ou ainda de Aruanda, aqueles que respondem diretamente a Oxalá.

II – Boiadeiros

    Logo depois dos caboclos e pretos velhos, as entidades que os seguem em nível de evolução próximo são os boiadeiros (que habitualmente respondem às linhas de Ogum e Oxóssi). Os boiadeiros são os melhores representantes do peão, do homem do campo que se dedica à lavoura e à pecuária. Eles proferem canções antigas, que remetem a uma vida mais simples e a trabalho, ensinando-nos a força que eles têm. Sua principal lição é que a maior das magias e o maior dos milagres são feitos com a força de vontade de cada um.

III – Crianças

    Os erês, ou crianças são espíritos, entidades que representam a alegria, a sinceridade, a inocência, tudo o que é puro. São alegres, travessos e manhosos. Geralmente são muito ligados à face de Yori, na linha dos ancestrais, com grande vínculo com os pretos e pretas velhas, sempre pedindo suas bênçãos e referindo-se a eles como vô e vó. Dependendo de seu grau de evolução, podem responder também pela linha de Oxalá ou das águas, já que Iemanjá é a mãe de todos e senhora das cabeças e das crianças.

    Costumam ser muito apegados aos seus apetrechos. Cada um deles tem uma mania: chupetas, bonecas, carrinhos, bonés, marias-chiquinhas, etc.

    Sempre quanto estão na Terra, esperam muitos agrados, adoram doces, guloseimas, bolos confeitados e guaraná. São muito sensíveis, mas justamente por isso são entidades de grande sabedoria que, entre brincadeiras, soltam as verdade que precisamos ouvir.

 

IV – Marinheiros

    Desde as calmarias até as tempestades, da paz à guerra, da guerra à paz, eles trabalham nas águas e trazem mensagens de esperança e fé para nos motivar a fazer como os grandes conquistadores: desbravar o desconhecido e enfrentar as dificuldades, sejam elas quais forem.

    Os homens, em geral, foram pescadores ou marinheiros em suas vidas passadas, gente do mar e da lida nas águas, as mulheres eram aquelas que esperavam por seus maridos na beira do mar. Seus amores eram passageiros e esporádicos; portanto, se pedir amor a um marinheiro, é isto o que conseguirá. Iemanjá e Oxum são as mães de todos eles, por isso eles vêm na linha das águas.

V – Baianos e entidades regionais

    É necessário dizer que a manifestação destas entidades estão muito mais ligada à ancestralidade do que a qualquer outro fator ou teoria da Teologia Umbandista. Nesse sentido, essas entidades atuam, acima de tudo, como guias orientadores dos seus próprios médiuns e daqueles que com eles se relacionam, e habitualmente respondem nas linhas de Ogum, Oxóssi, Xangô e das águas.

VI – Linha do Oriente

    A chamada linha do Oriente é uma linha genérica que abarca entidades ancestrais diversas. Nessa linha encontram-se sete falanges que abarcam os mais diversos povos, tanto alguns que já foram extintos e cujas civilizações deixaram de existir, quanto outros que têm um forte vínculo com o mundo terreno até os dias de hoje, como hindus, árabes, japoneses, romanos, etc.

    A manifestação dessas entidades, dá-se por vínculo ancestral. Assim, dificilmente uma pessoa com familiares comprovadamente noruegueses, por exemplo, manifestará um espírito inca.

    Esta linha acaba abrigando, na verdade, toda entidade que não encontra espaço próprio na formação tradicional mais antiga do Brasil, integrada por negros, índios e europeus – estas entidades entraram na história do Brasil mais recentemente, com os grandes processos migratórios do final do século XIX e início do século XX.

    É difícil generalizar qualquer coisa que tenha vínculo com esta linha específica, pois cada ancestral trará a riqueza de sua própria cultura para a Umbanda, seus próprios oráculos, tradições, linguajar e maneira de vestir-se e portar-se.

    Justamente por ter vínculo ancestral que mantém com seus filhos, as entidades desta linha costumam ter grande poder de cura e de aconselhamento pessoal, reservando moral própria de cada povo.

    A linha do oriente é regida por Oxalá, embora as entidades possam atuar sob as mais diversas vibrações, de praticamente todos os orixás.

    Assim, podemos dividir esta linha em sete grandes falanges, que acabam por demonstrar a divisão dos poderes e das energias entre cada função desempenhada ou região do planeta.

I – Falange das grandes índias, que abrange as regiões da ìndia, Paquistão, Mongólia, Tibete e adjacências;

II – Falange do extremo oriente, abrange japoneses, chineses e coreanos;

III – Falange sarracena ou árabe, abrange egípcios, marroquinos, e povos do Oriente Médio;

IV – falange das américas, engloba os nativos americanos de antes do descobrimento de alguns povos com peculiaridades que os tornaram grandiosos, como os incas, maias e astecas;

V – Falange nórdica, engloba os povos do norte europeu;

VI – Falange das grandes sacerdotisas, onde se manifestam as entidades femininas de poder mais elevado e com maior grau de evolução espiritual. Elas são as detentoras dos grandes segredos, senhoras da vida e da morte, independentemente de qual povo pertenceram, alcançaram tamanho grau de evolução que são senhoras do próprio destino.

VII – Falange dos alquimistas e grandes magos, que engloba as entidades, que, por meio do estudo e do conhecimento, alcançaram uma grande evolução espiritual e, por isso, auxiliam o plano físico através de seus profundos conhecimentos sobre o cosmos, o funcionamento do universo, a natureza humana e a magia mais elevada, independentemente de que povo pertencia.